O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum, e a quinta causa de morte por câncer em homens no mundo. Ainda que haja o componente genético implicado no risco da doença, fatores de estilo de vida podem impactar significativamente, contribuindo para o desenvolvimento, progressão, e reduzindo a sobrevida quando o câncer de próstata já está instalado.
Quando falamos de obesidade, o desenvolvimento da doença está atrelado a dois principais fatores: as alterações hormonais que ocorrem em homens obesos e pelo processo inflamatório que o excesso de gordura corporal causa. Atualmente, já se sabe que a inflamação, ainda que de baixo grau como na obesidade, é um gatilho para o crescimento do câncer.
Evidências científicas sugerem que uma alimentação rica em gorduras saturadas (presentes nos alimentos gordurosos de origem animal como carnes gordas, excesso de laticínios integrais, banha de porco, etc), rica em alimentos industrializados, açúcares, farinhas refinadas, pobre em frutas e verduras, em grãos integrais, e com excesso de embutidos/defumados e álcool, está associada ao risco da doença.
Para entender melhor a ligação desses aspectos com o desenvolvimento da doença, é importante entender os mecanismos de processamentos das substâncias pelo nosso corpo. Em relação às gorduras saturadas, o álcool, alimentos industrializados, embutidos, farinhas refinadas e açúcares, sabe-se que incrementam vias de inflamação no organismo humano. Por outro lado, temos as gorduras de origem vegetal presentes em oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas, etc), abacate, azeite de oliva, que, somadas às gorduras de origem marinha encontradas em peixes de água fria (ômega-3), promovem um equilíbrio favorável à redução do processo inflamatório, emergindo como um fator protetivo contra o risco de doença. Outras fontes valiosas para a prevenção da doença são as frutas, verduras e temperos/especiarias naturais, que são compostos bioativos com ação antioxidante, anti-inflamatória, e consequentemente anti-proliferativa, bloqueando o estímulo ao crescimento tumoral.
Diversos estudos científicos têm demonstrado que o licopeno, um carotenóide encontrado principalmente no tomate, pode fornecer proteção adicional contra o câncer de próstata, principalmente se ingerido por meio do tomate cozido, assado ou na forma de molho, e na presença de gordura.
Não podemos esquecer de abordar aqui um aspecto muito importante e atual: o papel da microbiota intestinal.
Recentemente pesquisadores têm observado que uma diversidade de bactérias ruins no intestino em detrimento das boas pode estar ligado ao risco de câncer de próstata, já que esse contexto favorece o aumento da permeabilidade do intestino e consequentemente a passagem de substâncias que são potencialmente inflamatórias para a circulação, gerando uma inflamação sistêmica de baixo grau que, novamente, está ligada ao câncer.
O consumo de fibras prebióticas, presentes em alimentos como alho, cebola, couve-flor, brócolis, aveia, banana verde, entre outros, estimula o crescimento de uma flora saudável (se o resto da alimentação estiver em consonância com uma alimentação saudável também).
Para se prevenir do câncer de próstata, o melhor caminho é cuidar do seu peso corporal, se movimentar, moderar o consumo de álcool e adotar uma alimentação equilibrada e saudável.
Fonte: Matsushita M, Fujita K, Nonomura N. Influence of Diet and Nutrition on Prostate Cancer. Int J Mol Sci. 2020 Feb 20;21(4):1447. doi: 10.3390/ijms21041447. PMID: 32093338; PMCID: PMC7073095.
Sensacional! Excelente artigo, parabéns!
Obrigado João Pedro. Teu comentário é bem importante pra nós.