Muitas vezes objetivos de longo prazo são difíceis de serem estabelecidos pela complexidade de ações diárias que precisamos realizar para alcançá-los. Certo dia li uma frase do escritor Haemin Sunim que me impactou muito:
“A vida não é uma corrida de cem metros contra seus amigos, mas uma maratona vitalícia contra si mesmo”.
Me impactou tanto, porque estava me preparando para a minha primeira prova do IronMan 70.3 e os treinos e rotinas diários faziam-me pensar se realmente valeria a pena todo aquele empenho e energia, mas a vontade de alcançar esse objetivo prevaleceu.
A combinação entre paixão e perseverança parece ser a chave para o alcance de objetivos a longo prazo, segundo Angela Duckworth, autora do livro Grit: The power of Passion and Perseverance”, em português traduzido pela editora Intriseca como Garra. Ela argumenta que a garra é um fator crucial para o sucesso e que, a paixão pelo que você faz, juntamente com a capacidade de persistir através de desafios e dificuldades, são mais importantes do que o talento natural ou as habilidades inatas. A garra, segundo a autora, pode ser desenvolvida e cultivada ao longo do tempo e desempenha um papel fundamental no alcance de metas a longo prazo.
Acredito cada vez mais que somos resultado de nossas escolhas, e que cada tentativa, cada obstáculo, não importa qual, deve ser visto como um desafio e uma oportunidade, não importa como, para tentarmos novamente, e de novo novos obstáculos, e assim vamos melhorando, nem que seja para cairmos melhor.
Minha participação em um IM70,3 foi um desafio planejado com bastante cuidado, que exigiu muita resistência, e acima de tudo, muita coragem de crescer. Foi uma prova que surpreendeu pelo calor intenso naquele dia em São Paulo, e que para mim, estreante, tive outros desafios que não estavam planejados em minha mente. Na prova da bicicleta, tive dois pneus furados e uma troca de roda, além de um cambio desregulado após tantas trocas. Já no primeiro pneu furado o pensamento de desistir veio tona, mas eu tinha um sonho, tanta energia e vontade por aquilo que estava ali me propondo, que não desanimei, aguardei o tempo necessário do mecânico da prova para me ajudar na substituição.
A cada obstáculo resignificar a minha jornada até ali foi fundamental. Ao todo fiquei mais de uma hora parada, o que em termos de alta performance, outro assunto muito interessante, muitos já teriam abandonado. Mas o objetivo era o de alcançar a linha de chegada e perceber que todo o empenho e dedicação que coloquei na jornada até ali, eram o que iluminavam meu caminho.
Essa prova também mostrou muito a conexão entre as pessoas, apesar do resultado ser importante, para a maioria, é a superação de um desafio, que precisou ser planejado, estudado e revisado, inúmeras vezes.
As pessoas essas sim, fizeram toda a diferença na hora da prova. Passar naquele corredor humano, te incentivando, gritando o teu nome; aquele colega de ritmo de corrida que diz para você não desistir e que vamos juntos; e o mais emocionante ainda, chegar na reta final e ver a pessoa da sua vida, aí você diz que tudo valeu muito a pena e já estabelece o novo objetivo. O paradoxo da coragem e a determinação férrea dos indivíduos só é possível graças ao calor e ao apoio de amigos, familiares, professores e mentores.
Termino aqui repetindo aquilo que iniciei escrevendo, a vida é uma maratona e não um tiro curto, não existem atalhos. A coragem é uma virtude que prevê realizações, metas e objetivos desafiadores, e que nos impulsiona a buscarmos propósitos a longo prazo. Nunca esquecendo de que o caminho é muito tão ou mais importante que a chegada.